domingo, 1 de outubro de 2017

repetido

meu soneto será fotografia
do cara que repete a cara feia
pingando lento, cá da minha veia
pra folha de papel. e todo dia

repito esse processo, todo dia
o mesmo movimento se encadeia:
dou meia volta e volto, volta e meia
ao ponto de onde a pena partiria

se escavo a fossa afunda, nunca acaba
e lá no fundo o mundo me desaba
a tudo inunda a mágoa na cabeça

soneto me assimila o sem sentido
simula e me reflete repetido
permite que eu me lembre ou que me esqueça

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