quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Amo-te

I

amo-te tanto que te quero morta
que diminuas, vires só lembrança
vai, some, bate atrás de ti a porta
e jamais voltes, pago-te a mudança

ou corres risco de eu buscar vingança
de um sentimento que não se suporta
e toda noite sobre mim avança
me tira o sono e o meu pior exorta

amo-te muito e é sempre perigoso
qualquer bom tempo serve de antegozo
de acontecências de tragédia e horror

amo-te muito, não quero, por isso
ficar tão perto, sei do precipício
e do tormento deste meu amor.

***

II

amo-te tanto, mesmo insano, e aceito
que a violência do teu sentimento
te deixa bobo, raciocínio lento
mas me precisas do lado no leito

intensidades são nossos defeitos
e o teu domínio define o momento
amo-te tanto que a mim arrebento
e não há fuga nem volta, suspeito

amo-te, creio, me puseste algemas
e te encarceras, medidas extremas
e me sustentas como fosse um vício

e porque espero desculpas e penas
e insanidades são coisas pequenas
amo-te tanto que ainda morro disso.

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