"Retirantes", CÂNDIDO PORTINARI, 1944.
Pisando em ossos, tudo é morte e nos convida
À derrocada, a desistir desse cansaço
Desse acidente, desse horror chamado vida
Feita de dores, de incertezas e fracasso
À derrocada, a desistir desse cansaço
Desse acidente, desse horror chamado vida
Feita de dores, de incertezas e fracasso
Penando expulsos, retirantes sem saída,
Vão nossos olhos para novos endereços
Nos apoiamos nas tragédias reunidas
Em nossos corpos, carregados aos tropeços
Vão nossos olhos para novos endereços
Nos apoiamos nas tragédias reunidas
Em nossos corpos, carregados aos tropeços
Pois caminhamos doloridos, transtornados
Emudecidos sob um céu de desconsolos
Nossos lamentos cada vez mais ressecados
Pela miséria, pelo infértil desses solos
Emudecidos sob um céu de desconsolos
Nossos lamentos cada vez mais ressecados
Pela miséria, pelo infértil desses solos
Abandonados, desespero e desconforto
Até que o corpo ache descanso, tombe morto
Até que o corpo ache descanso, tombe morto
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