segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Adorno

canetas não andam sozinhas
ninguém rouba vozes dos verbos
as letras se forçam calores
matéria e etéreo

poemas não sofrem de amores
nem loucos revelam mistérios
mas ficam conceitos e lendas,
de laudas e linhas e versos

escondem-se ali desertores
disfarçam auréolas e caudas
propõem grandezas e rinhas,
o sangue e a fada

é credo, não mudo nem cedo
algum arremedo de febre
concebe nas frestas de muros
uns claros e escuros de gatos e lebres.

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