domingo, 24 de outubro de 2010

Bons inimigos

ideias vieram de focos de luzes
e alguns refletores sentiram ciúmes
da força do lastro da pose e perfume
de estranhos presságios sem santos nem cruzes

alguns enxergavam uns não avestruzes
temendo atacaram malvados e impunes
por culpas e medos das bases aos cumes
de falsos excessos confessos se acusem

decerto perderam-se alguns parafusos
um termo confuso desanda o debate
misturam-se glórias e uns tantos abusos

agridem defendem cercados de empate
e bons inimigos desejam confusos
que breve se rendam que sempre se matem

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mínimas 3

psi

inquietude
de urgência a sede
permeio-dia quente

a falta e tão-somente
o quando se concede

***

eterno principio

além do
mais o que
foice foi

já passou.

****

Qual a pista?

para a fuga
outro impasse
noite quente

eu presente.

****

e dois

Dá-me dama
passe em fácil
vez compasso

charme e infâmia.

****

in

e me disse
leve enlace
faça a face
vide em riste

pôs-se passe
meu limite

***

Vespeiro

De medo e de preguiça digo amém
que quero fugir logo da batalha
enquanto a turba torpe aos ventos gralha
ser ampla maioria - cem em cem

Para enfrentar a corja só desdém
me cobre vez escudo, vez mortalha
sem arma ou munição, juntar a tralha
fugir ou desse bando ser refém

A última mesura pra cambada
depois ganhar o trecho, e segue estrada
retomo o meu destino viajeiro

Despeço-me, beijinhos e os abraços
e vazo, vou buscar novos espaços
não vou meter a mão neste vespeiro.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Mínimas 2

sem doma

de instinto crente
vinha tinta
mistura

espora criatura

consinta
a dente
cura.

****

ciso

sou só refém
do quanto trago
levando a cabo
a mim também

nem só o bem

nem tão culpado

****

pré ferida

era ladeira
refez descida
pôs-me entre tantos

nos pêlos cantos

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mínimas

nubla

pois a noite
de sozinha
também sofre

e definha

****

sedna

aflito e relapso
elíptico e ártico
esquecido céu

exausto sepulcro
orbita

****

feito

desenham-se gestos
de voz e conceito
um claro contesto
a puros e eleitos

não raro confesso...

Feito!

****

marés

não vinga o ponto
nem vem a prumo

nunca há desconto
sempre há consumo.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Gene egoísta

pois tudo é traição e coopera
e é paradoxal frágil e impreciso
concorre a parceria ao prejuízo
e toda confiança tende a zero

o ser não se perdoa de inocente
na fina sintonia co o inimigo
um olho poderoso e próprio umbigo
que a banca vende o jogo que pretende

e o egoísmo é um santo replicante
pois toda vida quer-se no adiante
e quando encontra espelho oferta ajuda

convida pra ser par na contradança
nas valsas de perfídias e alianças
apunhala pedindo que lhe acuda

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Razão

Por que que eu brigaria por razão
se desarrazoados ditam lei?
Eu, que já sou lesado, ficarei
pior caso me meta em confusão

Enquanto nesta corte os bobos são
coroados, um príncipe, outro rei
se brado contra o bando inda serei
condenado à tortura, escravidão

Melhor pro meu nariz deixar barato
"cachorro grande" uns dizem, vejo um rato
alimentado além do que convém

Quem for mais cego é rei, percebo agora,
meu olho arrancarei, jogarei fora...
De medo e de preguiça eu digo amém.

Noite insone (com edição TROVART)

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Retardado

às vezes eu pareço um retardado
e quanto mais concentro mais me espalho
sou santo mesmo estando o mais errado
o exato me parece ser mais falho

conservo com carinho se quebrado
se é fácil certamente me atrapalho
às vezes eu pareço um retardado
se pouco custo eu acho que mais valho

duvido quanto está mais que provado
em férias desenvolvo o meu trabalho
passeio pela paz mas vou armado
dirão que o céu desaba e eu só gargalho
às vezes eu pareço um retardado