quarta-feira, 27 de maio de 2015

A maldade

Você vem defender que é ser justo
mas eu vejo, a maldade permeia
e é tão triste, tão tosca, é tão feia
que não dá pra encará-la sem susto

Orgulhosa de si, infla o busto
co o veneno pulsando na veia
segue em cacos pisando, não freia
porque importa vencer, não o custo

E você, por feitiço encantado,
da perversa se fez aliado
porque pensa seguir o direito

E então caça com fúria animal
atropela, arrebenta, e afinal
qual justiça se faz desse jeito?

domingo, 17 de maio de 2015

Displicências

porque foram só mistérios sem enredo
que fizeram nada o pouco que restara
do carinho que acabava tão na cara
já cansada e mal dormida desde cedo

porque foram só silêncios, não histórias,
que fizeram gumes, cacos e demências
e não foram nada além de displicências
assanhando nossa verve acusatória

quando eu olho pro passado fico tenso
percebendo as rugas, rusgas dessas horas
nos espelhos, minha cara, quando penso

no suspenso, no não ser e nu lá fora
sinto dor, melancolia, um ódio imenso
do que foi, de como eu fui, do que é o agora.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Agouro

O medo que me dá meu olho esquerdo
enquanto me anuncia uma tragédia
tremendo, que não vou sofrer de tédio
meu olho prenuncia que vem merda

O dia fica estranho, eu fico aéreo
co a porta da crendice meio aberta
rangendo, e como a coisa fosse séria
meu medo um olho observa bem de perto

O risco que me esgarça até o avesso
num cerco que se aperta e me dispersa
pressinto não sabendo se mereço
meu mundo gira lento e controverso

Um olho que executa meu sequestro
me ataca, e toda culpa se confessa
aguardo que o destino bote o preço
do quanto eu trago escrito em minha testa