domingo, 18 de setembro de 2011

Poëta fit

nasci poeta nada, mas me faço
sujeito para ser predicativo
bem antes de ser vate, nasci vivo
um bípede sem pena nem compasso

poemas se cometem, eu permito
que um rito faça parte desse fato
mas nato sou só livre, não me mato
nem vivo por palavras, dentre o dito

nasci sem dom nem vício, analfabeto
bebê, não soube código secreto
sem lei nem compromisso co destino

e nem foi prumo, plano, minha meta
nem creio venha pronto: ser poeta
por força de algum gene, dom divino.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A cidade

A cidade cede luzes, cede asfalto
a seus ratos e baratas, sua elite
Requebrando um pé descalço um salto alto
altos brados, vai cantando o novo hit

A cidade pede grana, teme assalto
violenta, e que ninguém desacredite
Litorânea, lá da serra, do planalto
pisa fundo, passa muito do limite

Bebe todas, passa a noite inteira insone
e amanhece criticando a vizinhança
A cidade, perna fina e silicone,

quer memória, quer notícia e confiança
Muito embora peça nome e telefone
a cidade não te espera nem te alcança.